
Eu aqui falando essas maluquices sobre o velho Noel e o natal, vendo a neve (brasileira) caindo lá fora, espetáculo para guarda-chuva nenhum botar defeito, e sentindo o lado mole de meu coração de pedra, que já começa a bater fofo, a levar-me de novo a caminhos que jamais reencontrarei. Fico a remoer as lembranças do que foram os natais de minha infância, sem os Noéis do capitalismo, os presentes do consumismo, mas com a presença de um pai maravilhoso a recordar-me Jesus, o menino, e o verdadeiro sentido dos natais.
Não tínhamos os brinquedos produzidos nas fábricas, mas todo fim de ano ganhávamos uma beca nova, sapatos que mordiam os pés, e, no bolso, um Pedro Álvares Cabral, para divertir-nos no parque, comprar balão e empanturrar-nos de pipoca e algodão doce.
Tinha medo de carrossel. Roda Gigante, nem pensar. Barco? Nem morto. Se a canoa não virar, olê, olê, olá, eu chego lá... Morria de medo daquele troço virar e eu não chegar, soçobrar no meio daquele mar de gente. Ficava assistindo a meninada, e até os marmanjos apostarem quem subiria mais alto. Dava-me frio na barriga só de olhar. Lembro-me da primeira e última vez que subi em um carrossel e montei em um daqueles cavalinhos; ainda hoje sinto o mundo girar, como se fosse acabar.
Ah! Os natais de minha infância! Da gente simples e modesta dos confins de Alagoas, a festejar e celebrar o nascimento de um menino que mudou o destino do mundo e deu sentido à vida. Éramos felizes com tão pouco, em um mundo tão abundante, onde o egoísmo não se farta, e o real significado do Natal já não existe.
Reinaldo Braz dos Santos
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