O Sermão do Monte é um maravilhoso texto do Novo Testamento, encontrado em Mateus 5 e Lucas 6, no qual estão expressos os princípios fundamentais do cristianismo, constituindo-se em uma síntese da mensagem cristã. Mahatma Gandi afirmou certa vez que, "Se toda a literatura ocidental se perdesse e restasse apenas o Sermão do Monte, nada se teria perdido". Ele estava coberto de razão. Assim como também razão tinha quem disse que "O Sermão do Monte é grande, mas quem o proferiu é maior ainda". Quem o proferiu foi nada menos que Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo, o Verbo que se fez carne, a Palavra viva que desceu dos céus e habitou entre os homens, cheio de graça e de verdade.
Ao iniciar sua prédica, Jesus descreveu o caráter do cidadão do reino, através das bem-aventuranças, que são a síntese dos passos de iniciação cristã que todo homem deve seguir para chegar ao Reino dos Céus. As bem-aventuranças dizem respeito exclusivamente às qualidades espirituais cristãs.
Tais qualidades, portanto, diferem das preocupações históricas do homem com a riqueza material, condição social e conhecimento secular. Elas são características intrínsecas do que cada cidadão do reino precisa ser e marcam a diferença radical entre o reino do céu e o mundo dos homens. O filho do reino é diferente naquilo que admira, valoriza, pensa, sente, procura e faz. Por isso, “Bem-aventurados (felizes) sois se as praticardes.”
Em seguida, deixou claro que fomos chamados para dar sabor, preservar e iluminar o mundo. As metáforas usadas por Jesus, para ilustrar a natureza do nosso chamado, são parte do cotidiano das casas palestinas e das nossas casas. Portanto, quer temperemos os alimentos ou acendamos a luz, não esqueçamos, fomos destinados a dar sabor à vida, preservar e iluminar o mundo, evitando que apodreça na escuridão do pecado.
Prosseguindo, Jesus faz um paralelo com dois tipos de justiça; dois tesouros; uma porta larga ou estreita; hipocrisia ou simplicidade; este mundo ou o próximo; nossa vontade ou a de Deus; deixando-nos claro que há dois caminhos, e que, como discípulos, os cidadãos do Reino devem seguir o caminho da Justiça, "para que sejais filhos do Pai... perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus".
Por último, conclui o Sermão com os dois alicerces, que representam o discipulado cristão. Na vida cristã, muitas vezes, convivemos ou temos notícia de pessoas que aparentavam ter construído suas casas espirituais perfeitas; no entanto, em algum momento da vida as encontramos com essas construções destroçadas. Isso geralmente acontece depois das tempestades. Pois nem sempre é possível perceber, antes da tempestade, se uma casa foi construída na rocha ou na areia.
Há que se considerar, ainda, que sucesso, felicidade, paz de espírito, realização pessoal, espiritual e profissional podem também representar a construção de uma casa, segundo a ilustração do Sermão. Qualquer que seja, representa as aspirações comuns do ser humano, aspirações que não são necessariamente erradas em si mesmas. Porém jamais esqueçamos que há somente dois fundamentos sobre os quais podemos repousar nossas aspirações: ou submetendo-nos à Palavra de Deus, ou rebelando-nos contra ela. A primeira casa permanecerá, a segunda não subsistirá às tempestades e ruirá.
Reinaldo Braz dos Santos
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