segunda-feira, 21 de novembro de 2011

SER SAL OU ESTAR NO SAL


Diz-se que a expressão “estar no sal” nasceu no interior de Goiás, no arraial de Santana, às margens do rio Vermelho, por ocasião da descoberta do ouro, em meado do século XVIII, pelo desbravador Bartolomeu Bueno da Silva Filho. Segundo relatos, os degenerados, ao serem presos e aguardarem julgamentos, eram aprisionados em uma cela fétida, sem porta nem janela, uma espécie de alçapão, com uma abertura no teto, por onde os presos eram colocados. Para desinfetar o ambiente, de quando em vez, jogava-se sal, o que era um suplício para os corruptores da lei. Daí, então, todas as vezes que alguém era recolhido ao xilindró dizia-se que “estava no sal”.

Ser sal é uma questão de escolha, está acima do desejo, por mais nobre que ele seja. Após o discurso marcante a respeito do discipulado, onde enfatizou a escolha e a renúncia como princípios básicos para segui-lo, Jesus disse que somos o sal da terra, mas se o sal degenerar, para nada mais presta, é lançado fora (Lc 14.25-35) e pisado pelos homens, acrescenta Mateus 5.13.

Assim como as propriedades do sal têm como função gerar, preservar, dar sabor e regular a água dos seres vivos, o homem é responsável pela preservação da humanidade, passiva de degeneração, proporcionando bem-estar e regulando, para que nunca lhe falte a água do Espírito. Contudo, a certa altura da existência, este se corrompeu, degenerou, se degradou, perdendo a sua essência. 

Para voltar ao estado natural e retomar a sua missão construtiva da vida espiritual, precisa ser regenerado, nascer de novo da água e do Espírito, deixando de lado a matéria degenerada, isto é, as impurezas. 

“Estar no sal” é viver o estado degenerado, fora de sua essência. Ser discípulo de Cristo é retomar o estado original, ser o que Cristo foi: um discípulo da mesma essência divina, fiel, santo e altruísta. Que fez a escolha de morrer na cruz, renunciando a própria vida, para que pudéssemos seguir os seus passos, dando prosseguimento à missão da regeneração humana; até então, degenerada e pisoteada pela ação de Satanás e ignorância do próprio homem. 

Por isso, antes de fazer discípulos, precisamos fazer a real escolha de sermos discípulos de Cristo, não tendo as nossas vidas por preciosas, mas renunciando-a quando preciso, e revestindo-nos da metáfora do sal, sob pena de sermos lançados fora da vida em Cristo e aprisionados nas celas fétidas do racionalismo, o que fatalmente nos levaria a “estar no sal”.

 Reinaldo Braz dos Santos (Mestre Pioneiro)

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